98 - A minha barriga, o meu umbigo, caprichos, dúvidas bipolares, birras e coisas assim
Mac
Achei que com a passagem dos anos por cima, iria ser mais tolerante com as pessoas poucochinhas - chamemos-lhes assim - mas não, a acumulação de anos deu-me um certo faro para a poucochinhez. Agora é vê-los a ter uma atitude, às vezes duas, quando preciso de confirmar, e a minha vontade de saber como é que aquilo vai andar ou acabar, é nenhuma. Ah se calhar já perdeste grandes pessoas. Não perdi. Na minha idade já temos uma boa quota de grandes pessoas na nossa vida, ou então não andámos cá a fazer nada, muito honestamente, não há muito quem vá acrescentar alguma coisa. A grande diferença é que quando era mais nova me importava com a minha falta de tolerância, até tinha a veleidade de ser mais tolerante, inclusivamente esforcei-me por aturar entre apneias mentais, exercícios tântricos de pachorra acrescida e muita contenção, mas aquilo invariavelmente ia até à perda repentina de paciência com o ser, para espanto do ser que nem percebia como é que esta pessoa o tinha aturado tanto. Dei-me sempre mal, mas é um facto, tentei. Agora não tento, não me dou mal e acima de tudo, não me importo.
É inegável que há coisas boas nesta história da idade avançar, uma delas é o não querer saber do que já percebemos que não vale a pena em nós e nos outros. Se não for por mais nada, é libertador.