87 - AS FÉRIAS, A VIDA, O NIRVANA E EU
Mac
. chegámos à nossa casa, à nossa praia e à nossa vida . e eu gosto tanto dela .
(e chegámos com uns dias fantásticos, sem vento, com o mar tão bom - bandeira verde! bandeira verde no guincho!! - a praia cheia e tanto sal na pele)
já o disse, se não for para mais nada, que o é, as férias servem para ganhar saudades daquilo a que já não ligava, coisas tão parvas como o duche . não há melhor duche que o meu . nem cama melhor do que a minha . o regresso ao nosso parque . onde as correrias são as melhores de todas . e os escorregas e baloiços . e os patos e patinhos, e os galos e galinhas, também são os melhores de todos . e ainda há a praia . a nossa praia . que também é a melhor de todas as praias . mesmo com muito vento . todos os anos as mesmas caras . todos os anos às minhas perguntas se vai estar um bom dia, a resposta, sim, vai estar um bom dia de guincho . um bom dia de guincho é uma tempestade no deserto . os dias de vento, quase todos, e as alfinetadas de areia nas pernas, os pára-ventos e os dias em que só de camisola . e gorro . e tapa-orelhas . e cobertor . e depois há os outros, os dias fantásticos e não há nada melhor do que os dias fantásticos de guincho . em cada época balnear, contam-se pelos dedos de uma mão . se calhar é por isso que são inesquecíveis . amo de paixão o cheiro daquele mar, a areia agarrada à pele e os fins de tarde quando a praia fica mais vazia e a luz é mais laranja, o sol está mais baixo e o mar mais calmo . adoro aquele cheiro . e gosto das rotinas desta praia . as revistas que compro para levar . os almoços naquele bar . os seixos que apanho, para depois pintar, ou não . as conchas que levo para casa e ponho em frascos . as madeiras gastas pelo mar . no ano passado fiz barcos à vela . e no outro, pintei peixinhos nos seixos . este ano não sei . este ano não quero saber de muitas coisas . gosto tanto de todos os bocados de praia que consigo trazer para casa . todos os anos
. já o disse há um ano, há dois, há três e há sempre .