331 - A mãe perfeita(mente desesperada)
Mac
4º dia do segundo confinamento
vejo cada vez mais gente infectada e é inevitável não me sentir numa espécie de sala de espera da coisa, apesar de não ter estado com estas pessoas e a sala ser a de casa . o que me preocupa é saber que algumas destas pessoas tiveram sempre todos os cuidados e no fim levaram com isto de brinde, há outras que até me espanto como não apanharam antes, mas pronto . até posso fechar-nos aqui a sete chaves, enquanto o zé estiver em exames na faculdade, chega a ser um exercício de loucura e solidão .
como senti as habituais dores de garganta sempre que sei de mais um infectado - além de dores de cabeça e ver-me obrigada a comer um quadradinho de chocolate para confirmar que ainda tenho paladar - fui mudar a yucca e jurei que há trabalhos que a partir de hoje vou fingir que não sei fazer . não sei, alguém que não eu, que os faça . as minhas cruzes já não são o que foram, fiquei derreada . também tingi guardanapos, uns de rosa, outros de um verde a bater no tom das ramagens de uma toalha, outros de azul escuro, mas um azul escuro de verão, portanto um azul especial, como são todos os azuis . desenformei um pudim e fiz trabalhos com o pedro, revimos matéria e tal . o pedro ficou numa aula e eu olhei para o tecto . já precisava de ser pintado, a partir de hoje também não sei pintar tectos .
as refeições que estavam preparadas já foram todas, vivem aqui sorvideiras mecânicas . recorri ao take-away e os miúdos andaram a marcar as caixas do que sobrou com os nomes . proibi que se marcassem caixas, através do discurso "mãe deles, parte MLDCCIV" . então escreveram frases . amanhã passo o conteúdo das caixas para travessas e não há cá meu, teu, nem frases . e sem discurso .
coisas mesmo boas: chegaram as máscaras mais lindas feitas pela mana e começámos a ver o lupin (netflix) e the oa (netflix)