51 - Quem tem um adolescente, tem tudo
Mac
Resumo de uma ida às compras nesta era Covid com o meu quase nada adolescente, para lhe comprar t-shirts. Diz que cresceu durante o confinamento e que as t-shirts lhe estão todas pequenas. Não cresceu, mas pronto, aproveitei para um momento a dois. Já é raro fazermos coisas destas, geralmente faço-lhe uma transferência e ele vem de lá com coisas que, digamos assim, eu nunca compraria, mas parece-me que tem vindo a descobrir que tem em casa uma pessoa com um enorme potencial nesta área: eu. Até já houve uma vez que me requisitou porque precisava da minha opinião. Isto é uma conquista que nunca sonhei, até nem abuso das minhas opiniões para não estragar a coisa.
Não é preciso falar tão alto, a máscara não pôs as pessoas surdas.
Não é preciso rir às gargalhadas, as pessoas percebem pelos olhos quando lhes sorrimos.
Eu não visto isso.
Isso é pavoroso.
Isso é roupa de velho.
Isso é roupa de beto.
Esses calções são pavorosos.
Eu só vim comprar t-shirts, não quero mais nada.
Isto ainda demora?
Não preciso de mais nada.
Não quero.
Não quero.
Não gosto.
Não gosto.
Não gosto.
Basta estar a um metro das pessoas, não são cinco.
Qualquer dia borrifa o chão que se pisa e a cara das pessoas.
Não é preciso borrifar as mãos a cada coisa que mexe.
Que vergonha, isso foi de propósito.
Os outros não são surdos.
Não é preciso contar aos gritos a vida a toda a gente, aliás não é preciso contar a vida a toda a gente.
Se calhar podia borrifar línguas, não sei, foi uma ideia que me ocorreu agora.
Correu lindamente.