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Nesta altura da minha vida, ainda não percebi porque é que a ciência não está interessada em estudar-me, com contrapartidas claro, borlas é para as almofadas. Acredito que sou uma mais-valia em diversos fenómenos ligeiros da psique, que inclusivamente bem identificados, podem prevenir surtos agudos e graves noutras pessoas. Em mim não, porque me considero bastante saudável.
Tenho um problema com branco. Gosto imenso de branco, adoro vestir-me de branco e só branco, não é com umas calças brancas e uma camisa marfim, com uma saia cru e uma t-shirt branca, também não é com uma camisola cru e uns calções brancos. Se me visto de branco, é branco, se quero vestir-me de marfim, então visto-me de marfim.
Mas as lojas vendem marfim como branco e ah vai ver que nem se nota, e vendem cru como branco, ah vai ver que vai gostar. Como não nota? Sois daltónicos, ninguém vos educou as córneas, estamos a brincar com as obsessões dos outros na base da ligeireza, ou quê? Quê. E depois a pessoa manienta, que sou eu, a detentora de todas as manias e fenómenos obsessivos, chega a casa compara a camisa desgarrada com as calças que já tem e não, aquilo não tem nada a ver, então a camisola é pérola para vestir com branco? Brincalhões, não tem nada a ver, nunca terá, nunca gostarei de ver o conjunto, nunca vestirei, terei de procurar umas calças para aquela camisa e uma outra camisa para aquelas calças, ou ir trocar, depois aperceber-me do ar que os outros fazem, de quem encarou com a doida dos tons e ainda ter de viver com aquelas caras na memória.
E no online? No online é a pouca vergonha descritiva, para aquela gente tudo quanto é abaixo de cinzento, é branco. E a pessoa confia, a foto parece que mostra branco e depois vai-se a ver e é rosa flamingo desmaiado. Já me aconteceu, dizia casaco branco e a pessoa acreditou, veio-lhe parar às mãos um sobretudo rosa flamingo morto. Ora com o que se combina um sobretudo rosa flamingo em decomposição? Com nada. Foi o que fiz.
Branco não é pérola, nem cru, nem marfim, areia também não. Branco é branco, é cor de nuvem branca, daquelas que a gente pensa que são fofas, é cor da espuma do mar, é cor da neve, da farinha, é a cor do corrector e do papel higiénico, das compressas e do algodão, das batas dos senhores doutores, dos sapatos das enfermeiras e dos frigoríficos. Isso é branco.
Eu já nem peço compreensão, já nem peço que parem de misturar e vender como branco, tons que nada têm de branco, mas do respeito para com as pessoas que não conseguem misturar entre si o marfim, o branco, o cru e o areia, não abdico. É um fenómeno tão sério e enxuto como outro qualquer. Respeito.
• Instagram @maria.antonia.velez