70 - DA BIPOLARIDADE DE CADA UM, SÓ CADA UM SABE
Mac
Faltou a água, again, e eu fiz o que pude sem água, o que não é muito e o que é, é mal feito. Quer dizer, socorri-me de água do Luso e fiz papas com água coisa, lavei a cara e os dentes com água coisa e lavei o lava-loiças com água coisa, mas não pude pôr a máquina da loiça a funcionar com água coisa, nem tomar duche, nem sentir-me limpa. Mas como lavei a cara, maquilhei-me, afinal sempre adianto qualquer coisa à rotina. Pus rímel e espirrei. Eu irrito-me qualquer coisa quando ponho rímel e me espirro toda, acontece aquela coisa de ficar com a zona onde podem aparecer olheiras, que agora não me lembro do nome, cheias de pasta preta e isso deixa-me muito maldisposta. Limpei o sítio da cara onde normalmente aparecem as olheiras e resolvi vestir-me, mesmo sabendo que assim que vier a água, vou a correr para o duche e mudo de roupa. Também liguei para as Águas de Cascais e vai a máquina e diz-me que houve uma ruptura na rua não sei quê e portanto só teremos água a sair das torneiras lá para o meio-dia. Eu cá acho que só teremos água lá para as quatro da tarde, mas isto sou eu naquele meu optimismo que me é característico.
Vou mas é procurar pessoas que me dêem abrigo nesta hora de aflição, sabendo que têm de morar longe de Cascais, Estoril e Alcabideche, portanto as zonas atingidas pela falta de água, me compense sair de casa para tomar banho, portanto não me apetece ir para Lisboa, e que já agora estejam em casa, bom, se calhar não me sobra ninguém que me dê abrigo, resta-me refogar até às quatro da tarde. Isso ou gastar todos os garrafões de água coisa.
[lição a retirar da cena: uma pessoa só dá valor ao que não tem, ou nestas alturas é que dá para perceber como a água faz falta, ou sou pessoa dada ao banho diário]