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Senhora-doutora-empregada: A senhora não acha que o menino dorme demais?
Esta-já-a-vê-la-como-um-pigmeu-anão-desfocado: Ele tem três meses...
Senhora-doutora-empregada: Pois, mas só come e dorme, eu se fosse à senhora preocupava-me, o G. aos três meses já só dormia duas sestas.
Esta-a-ver-se-não-lhe-dá-um-tiro-entre-os-olhos: É que ando mesmo preocupada, ele é um bocado apardalado, não é?
Senhora-doutora-empregada: Não estava a dizer isso, até o acho bem arrebitadinho, quando está acordado
Esta-a-pensar-que-arrebitadinha-ficas-tu-se-não-te-calas: Se ele fosse arrebitadinho, quando está a dormir é que eu me preocupava.
Senhora-doutora-empregada-cada-vez-mais-enterradinha: A senhora é que sabe. Acha que é do leite?
Esta-a-deixar-de-a-ver-de-todo: É, claro que sim. A pediatra mandou-me beber bastante vinho tinto, misturado com Xanax.
Nunca tive paciência para os tarados do desenvolvimento das crianças. Não tenho saco para fazer comparações entre o filho desta e da outra e os meus. Só sempre me preocupei, nem isso, estive foi atenta, a que fizessem isto ou aquilo na idade própria, mas sem stresses. Se o filho da não sei quantas andou aos quatro meses, olha ainda bem, se o da outra se sentou aos dois, ainda melhor, se o outro já está na faculdade aos dez, ok tudo bem na mesma. Não lhes auguro sobredotadísses. Não lhes exijo que sejam as pernas, os braços e a cabeça do que não fui. Não quero. Não os quero com cargas que não são as deles.
Quero que sejam felizes, realizados e que tenham saúde. Acima de tudo que sejam eles. Genuínos. Falta-me o saco para corridas de cavalos com crianças. Isso e ter pressa que cresçam. Não tenho.
Mas, pronto, isto sou eu nesta minha mediocridade latente, num país com um sobredotado por família. Pelo menos.